Apresentação
do Senhor
02 de Fevereiro de 2005
Festa
BÊNÇÃO E PROCISSÃO DAS VELAS
Primeira forma: Procissão
1.
À hora marcada,
reúnem-se os fiéis numa igreja secundária ou noutro local apropriado, fora da igreja
para a qual se dirigirá a procissão. Os fiéis têm nas mãos as velas apagadas.
2.
O sacerdote
aproxima-se, acompanhado dos ministros, revestido com paramentos brancos como
para a Missa. Em vez da casula pode levar o pluvial, que deporá no fim da
procissão.
3.
Enquanto se
acendem as velas, canta-se a antífona:
o Senhor virá com poder e iluminará os olhos dos seus servos, Aleluia, ou
outro cântico apropriado.
4.
O sacerdote
saúda a assembleia como habitualmente e em seguida faz uma breve admonição para
exortar os fiéis a celebrarem activa e conscientemente este rito festivo. Para
isso, pode dizer estas palavras ou outras semelhantes:
Caríssimos irmãos:
Celebrámos com muita alegria, há quarenta dias, a
solenidade do Natal do Senhor.
Hoje é o santo dia em que Jesus foi apresentado no
templo por Maria e José. Exteriormente cumpria as prescrições da lei, mas na
realidade vinha ao encontro do seu povo fiel.
Aqueles dois santos velhos, Simeão e Ana, tinham
vindo ao templo sob a inspiração do Espírito Santo; iluminados pelo Espírito,
reconheceram o Senhor e anunciavam-no a todos com entusiasmo.
Também nós, aqui reunidos pelo Espírito Santo,
caminhemos para a casa do Senhor ao encontro de Cristo. Aí O encontraremos e O
reconheceremos na fracção do pão, enquanto aguardamos a sua vinda gloriosa.
5.
Terminada a
admonição, o sacerdote procede à bênção das velas, dizendo de mãos juntas:
Oremos:
Senhor nosso Deus, fonte e origem de toda a luz, que
neste dia mostrastes ao Santo velho Simeão a luz que veio para se revelar às nações,
humildemente Vos suplicamos: santificai com a vossa bênção estas velas e ouvi a
oração do vosso povo que se reuniu para as levar solenemente em honra do vosso
nome, de modo que, seguindo sempre o caminho da virtude, chegue um dia à luz
que jamais se extingue. Por Nosso Senhor...
Ou então:
Oremos:
Senhor Deus, fonte e origem da luz eterna, infundi no
coração dos fiéis a claridade da luz que não tem ocaso, para que todos nós,
iluminados no vosso templo santo pelo esplendor destas luzes, mereçamos chegar
um dia à luz da vossa glória. Por Nosso Senhor...
E asperge as velas
com água benta sem dizer nada.
6.
Seguidamente, o
sacerdote recebe a vela que está preparada para ele e dá início à procissão,
dizendo:
Caminhemos em paz ao encontro de Cristo.
7.
Durante a
procissão, canta-se a seguinte antífona com o respectivo cântico, ou outro
cântico apropriado:
Antífona: Luz para se revelar às nações
e glória
de Israel, vosso povo.
Agora, Senhor,
segundo a vossa palavra,
deixareis ir em
paz o vosso servo.
Antífona: Luz para se revelar às nações
e glória
de Israel, vosso povo.
Os meus
olhos viram a salvação
que
oferecestes a todos os povos.
Antífona: Luz para se revelar às nações
e glória
de Israel, vosso povo.
8.
Ao entrar a
procissão na igreja, canta-se a antífona de entrada da Missa. O sacerdote,
depois de chegar ao altar, faz a devida reverência e, se parecer oportuno,
incensa-o. Depois vai para a sua sede; ali, depõe o pluvial (se foi usado na
procissão) e veste a casula.
Segue-se o canto do Glória, depois do qual, como de costume, diz a
Oração Colecta. A Missa continua na forma habitual.
Segunda forma: Entrada
Solene
9.
Os fiéis
reúnem-se na igreja com as velas na mão. O sacerdote, revestido de paramentos
brancos, acompanhado dos ministros e de uma representação da assembleia,
dirige-se para o lugar mais conveniente, à porta da igreja ou dentro dela, onde
ao menos uma grande parte dos fiéis possa ver facilmente o rito e participar
nele.
10.
Quando o
sacerdote tiver chegado ao lugar destinado para a bênção das velas, acendem-se
as velas, enquanto se canta a antífona O Senhor virá com poder, ou outro
cântico apropriado.
11.
Em seguida, o
sacerdote, depois da saudação e da admonição, procede à bênção das velas, como
acima se indica (nn. 4-5). Segue-se a procissão em direcção ao altar, durante a
qual se canta a antífona própria ou um cântico apropriado (nn. 6-7). Para a
Missa, observe-se o que está indicado no n. 8.
RITOS INICIAIS
Cântico de entrada: O Senhor do Universo, F da Silva, NRMS 21
Salmo 47,
10-11
Antífona de entrada: Recordamos, Senhor, a vossa misericórdia no meio do
vosso templo. Toda a terra proclama o louvor do vosso nome, porque sois justo e
santo, Senhor nosso Deus.
Introdução ao espírito da Celebração
Celebramos hoje a Festa da Apresentação do Senhor.
Sua Mãe, cumprindo a Lei, apresenta-O no Templo de Jerusalém, quarenta dias
após o Seu nascimento, a fim de o «resgatar». Se todo o primogénito era
propriedade de Deus, Jesus era-o mais do que ninguém.
A Sua presença enche de glória o próprio templo que
se vê eclipsado pela luz irradiante da figura daquele bebé. Ele é a «luz
verdadeira destinada a iluminar as trevas deste mundo».
Na verdade, a
luz veio ao mundo e visitou-nos do alto o Sol nascente. O templo estava a
ser invadido por uma presença de Deus como jamais o homem sonhara. Mas, para
quem só via com os olhos da cara, de nada se apercebia. Apenas um ancião e uma
velha viúva, ambos de alma jovem, desatam a entoar cânticos de júbilo ao
reconhecerem naquela criança o Salvador do mundo.
Saibamos nós, hoje, com generosidade de coração e
repletos da luz do Espírito, que em nós habita, receber e intensificar essa luz
de esperança e de paz para todo o mundo, procurando viver com toda a
intensidade esta celebração.
Oração colecta: Deus eterno e omnipotente, humildemente Vos
suplicamos que, assim como o vosso Filho Unigénito foi neste dia apresentado no
templo, revestido da natureza humana, assim também, de alma purificada, nos
apresentemos diante de Vós. Por Nosso Senhor...
Liturgia da Palavra
Primeira Leitura
Monição: Nesta primeira leitura vamos escutar o profeta
Malaquias que volta a anunciar, da parte de Deus, o envio do Salvador tão
ansiado para os últimos tempos. Tornar-se-á visível a Sua presença como
purificador e luz para toda a humanidade.
Malaquias
3, 1-4
2Assim fala o Senhor Deus: «Vou enviar o meu
mensageiro, para preparar o caminho diante de Mim. Imediatamente entrará no seu
templo o Senhor a quem buscais, o Anjo da Aliança por quem suspirais. Ele aí
vem–diz o Senhor do Universo –. 2Mas quem poderá suportar o dia da
sua vinda, quem resistirá quando Ele aparecer? Ele é como o fogo do fundidor e
como a lixívia dos lavandeiros. 3Sentar-Se-á para fundir e
purificar: purificará os filhos de Levi, como se purifica o ouro e a prata, e
eles serão para o Senhor os que apresentam a oblação segundo a justiça. 4Então
a oblação de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos,
como nos anos de outrora.
A leitura é um pequeno extracto da passagem
(2, 17 – 3, 5) em que se põe a 4.ª das 6 questões que estruturam o livro de
Malaquias: «onde está o Deus da justiça?» (3, 17). A resposta remete para
tempos escatológicos – «o dia da sua vinda» (v. 2) –, em que a justiça
de Deus se manifestará: «apresentar-me-ei diante de vós para julgar» (v. 5).
Esta vinda decisiva é anunciada poeticamente: será solene e terrível, como «fogo»
e «lixívia» (v. 2). O texto contém uma certa ambiguidade, pois fala
de «o meu mensageiro» (chamado em 3, 23 «o profeta Elias»), «o
Senhor», e «o Anjo da Aliança» (v. 1); este Anjo pode ser o
próprio Senhor, ou um outro mensageiro, ou mesmo o primeiro mensageiro
investido de novas funções. No Novo Testamento explicita-se que o «mensageiro»
que vem antes do Senhor a preparar-lhe o caminho é João Baptista
(cf. Mc 1, 2; Mt 11, 7-15; 17, 12; Lc
7, 24-28), de tal modo que assim fica sugerido que Jesus é o próprio
«Senhor que entrará no seu templo», numa alusão à sua divindade. Esta
aplicação do texto a Jesus é feita pela Liturgia, ao escolhê-lo para a 1ª
leitura da Festa da Apresentação no Templo. Por outro lado, no Novo Testamento
Jesus também aparece como o Mediador da Nova Aliança (cf. Hebr 9, 15) e
a Liturgia dá-lhe também o título de Anjo (cf. Cânone I), uma
identificação certamente sugerida por este texto de Malaquias. Tenha-se em
conta que, por vezes, no Antigo Testamento, designa-se com o nome de Anjo o
próprio Deus que se manifesta: assim em Gn
16, 7.13 e Ex 3, 2, etc.. Nestes
casos, «anjo» não tem o sentido corrente de enviado de Deus, mas o de presença
ou manifestação visível de Deus (cf. Jo
1, 18).
Salmo Responsorial Salmo 23 (24), 7.8.9.10 (R. 10b)
Monição: À semelhança do velho Simeão, entoemos conjuntamente
um hino de júbilo e de louvor a Cristo, verdadeiro sacramento de Deus em Quem
se manifestou a glória do Altíssimo.
Refrão: O Senhor do Universo é o Rei da glória.
Levantai, ó portas, os vossos umbrais,
alteai-vos, pórticos antigos,
e entrará o Rei da glória.
Quem é esse Rei da glória?
O Senhor forte e poderoso,
o Senhor poderoso nas batalhas.
Levantai, ó portas, os vossos umbrais,
alteai-vos, pórticos antigos,
e entrará o Rei da glória.
Quem é esse Rei da glória?
O Senhor dos Exércitos,
é Ele o Rei da glória.
Segunda Leitura
Monição: A alienação produzida pelo mal, pelo pecado e pelo
medo da morte exige a transformação radical da condição humana. Encarnando-Se,
Jesus torna-Se irmão solidário dos homens e assume totalmente os seus
problemas, chegando a entregar-Se à morte para introduzir os homens no reino da
vida.
Hebreus 2, 14-18
14Uma
vez que os filhos dos homens têm o mesmo sangue e a mesma carne, também Jesus
participou igualmente da mesma natureza, para destruir, pela sua morte, aquele
que tinha poder sobre a morte, isto é, o diabo, 15e libertar aqueles
que estavam a vida inteira sujeitos à servidão, pelo temor da morte. 16Porque
Ele não veio em auxílio dos Anjos, mas dos descendentes de Abraão. 17Por
isso devia tornar-Se semelhante em tudo aos seus irmãos, para ser um sumo
sacerdote misericordioso e fiel no serviço de Deus, e assim expiar os pecados
do povo. 18De facto, porque Ele próprio foi provado pelo sofrimento,
pode socorrer aqueles que sofrem provação.
Este trecho de Hebreus – para ser lido nos anos em que a festa coincide com um domingo – foi escolhido tendo em vista que em Jesus se cumpre plenamente o anúncio de Malaquias (cf. 1ª leitura) de uma renovação radical do sacerdócio, com a instituição da nova aliança com o seu sangue, tendo já entrado de uma vez para sempre no santuário (Hebr 8, 1-2), figurado no Templo. A apresentação de Jesus no Templo tem um profundo significado simbólico.
18 Aqui está uma ideia em que se insiste na Epístola aos Hebreus: Jesus Cristo, sujeitando-se à provação e padecendo, tomando sobre Si todas as nossas fraquezas, excepto o pecado (4, 15), está em condições de nos prestar ajuda a nós que sofremos as mesmas contrariedades. É este um extraordinário motivo de confiança em Jesus Cristo, na sua ajuda omnipotente, na sua mediação em que concilia a misericórdia para connosco com a fidelidade para com o Pai, na sua missão de expiar os pecados do povo (v.17).
Aclamação ao Evangelho Lc 2, 32
Monição: Vivamos esta hora festiva em que Jesus, como Luz dos
Povos, se apresenta no Templo de Jerusalém. Aclamemos s Sua Luz que vem pelo
Evangelho que vai ser proclamado.
Aleluia
Luz para se revelar às nações
e glória de Israel, vosso povo.
Cântico: Aclamação – 4, F. da Silva, NRMS 50-51
Evangelho *
Forma longa: São Lucas 2, 22-40 Forma breve: São Lucas 2, 22-32
22Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de
Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor, 23como
está escrito na Lei do Senhor: «Todo o filho primogénito varão será consagrado
ao Senhor», 24e para oferecerem em sacrifício um par de rolas ou
duas pombinhas, como se diz na Lei do Senhor. 25Vivia em Jerusalém
um homem chamado Simeão, homem justo e piedoso, que esperava a consolação de
Israel e o Espírito Santo estava nele. 26O Espírito Santo
revelara-lhe que não morreria antes de ver o Messias do Senhor 27e
veio ao templo, movido pelo Espírito. Quando os pais de Jesus trouxeram o
Menino para cumprirem as prescrições da Lei no que lhes dizia respeito, 28Simeão
recebeu-O em seus braços e bendisse a Deus, exclamando: 29«Agora,
Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, 30porque
os meus olhos viram a vossa salvação, 31que pusestes ao alcance de
todos os povos: 32luz para se revelar às nações e glória de Israel,
vosso povo».
[33O pai e a mãe do Menino Jesus estavam
admirados com o que d’Ele se dizia. 34Simeão abençoou-os e disse a
Maria, sua Mãe: «Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se
levantem em Israel e para ser sinal de contradição – 35e uma espada
trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os
corações». 36Havia também uma profetiza, Ana, filha de Fanuel, da
tribo de Aser. Era de idade muito avançada 37e tinha vivido casada
sete anos após o tempo de donzela e viúva até aos oitenta e quatro. Não se afastava
do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações. 38Estando
presente na mesma ocasião, começou também a louvar a Deus e a falar acerca do
Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. 39Cumpridas
todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua
cidade de Nazaré. 40Entretanto, o Menino crescia e tornava-Se
robusto, enchendo-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele.]
22 A ida de Maria a Jerusalém para cumprir a lei da purificação das parturientes (Lv 12) serve de ocasião para que José e Maria procedam a um gesto que não estava propriamente prescrito pela Lei. Apresentar ali o Menino ao Senhor, é um gesto de oferta que mostra que Ele não lhes pertence e que se sentem meros depositários dum tesoiro de infinito valor. Pode também ver-se o sentido de imitação do gesto de Ana, mãe de Samuel (Sam 1, 11.22-28). Mas se a lei não preceituava a «apresentação», obrigava ao resgate do primogénito varão. Segundo Ex 13, 11-13, o primogénito animal devia ser oferecido em sacrifício, ao passo que o primogénito humano devia ser resgatado, tudo isto em reconhecimento pelos primogénitos dos israelitas não terem sido sacrificados juntamente com os dos egípcios. O preço do resgate eram 5 siclos do santuário. Cada siclo de prata, no padrão do santuário, constava de vinte grãos com o peso total de 11,4 gramas. S. Lucas não fala deste resgate de 57 gramas de prata, que podia ser pago a qualquer sacerdote em qualquer parte da nação judaica; o evangelista apenas faz uma referência genérica ao cumprimento da Lei (v. 23; cf. Ex 13, 2.13).
24 A lei da purificação atingia toda a parturiente, a qual contraía impureza legal durante 7 dias, se dava à luz um rapaz, (Ex 12, 28, mas a jurisprudência judaica já tinha acrescentado mais 33 dias, um total de 40) e durante 14 dias, se tinha uma menina (tinha subido na época para 80 dias). No fim desse tempo, devia ser declarada pura mediante a oferta no templo duma rês menor (podia ser um cordeiro) e duma pomba ou rola. Quando a mãe não dispunha de meios para oferecer uma rês menor, podia oferecer um par de pombas ou rolas, como aqui se refere. Tenha-se em conta que a «impureza legal ou ritual» não incluía a noção de pecado, ou de impureza moral; com efeito, particularmente as coisas relativas ao sangue e à transmissão da vida, mesmo as moralmente boas ou indiferentes, tornavam a pessoa impura, isto é, inapta para o culto de Deus Santo. A razão disto estava no carácter sagrado da vida e da sua transmissão. Pensava-se que tudo isto implicava alguma perda de vitalidade, que devia ser reparada mediante certos ritos, para de novo poder entrar em comunhão com Deus, a plenitude e a fonte da vida. Estas leis tinham uma finalidade eminentemente didáctica: o povo de Israel era um povo santo, especialmente dedicado a Deus e ao seu culto, e a estar em comunhão com Ele (cf. Ex 19, 5-6; Lv 19, 2). Sendo assim, todas as normas de pureza ritual faziam-no tomar constantemente consciência das suas relações particularíssimas com Deus e do sentido cultual da sua vida diária. Em face disto, o rito da Purificação de Maria, não pressupõe a aparência sequer de qualquer imperfeição moral ou legal da parte da SSª Virgem, como se poderia pensar. O gesto de Maria aparece como uma singular lição de naturalidade, de obediência e de pureza, cumprindo uma lei a que não estava sujeita, por ser a aeiparthénos, a sempre Virgem; Maria, a tão privilegiada, não quer para si um regime de excepção e privilégio.
25 «Simeão», de quem não temos mais notícias, aparece como um dos «piedosos» do judaísmo que esperava não um messias revolucionário (como os zelotas) mas o verdadeiro Salvador, «a consolação de Israel» (v. 25). Apesar do que se diz no v. 34, não parece ser sacerdote, não estando no serviço do templo, mas tendo vindo lá «movido pelo Espírito» (v. 27).
33 A naturalidade com que S. Lucas chama a S. José «pai de Jesus» não implica qualquer contradição com o que antes afirmou em 1, 26-38. Aqui visa o poder e missão paterna, de modo nenhum a ascendência carnal.
35 «Assim se revelarão os pensamentos de todos os corações». Estas palavras ligam-se a «sinal de contradição». É que, diante de Jesus, não há lugar para a neutralidade: a sua pessoa, a sua obra e a sua mensagem fazem com que os homens revelem o seu interior, tomando uma atitude pró ou contra; a aceitação e a fé será, para muitos, motivo de salvação, ou «ressurgimento espiritual» – de que «se levantem» –, ao passo que a rejeição culpável será motivo de que muitos se condenem – de que «muitos caiam».
36-37 Põe-se em relevo a sua longa viuvez, como algo digno de veneração.
38 «Não se afasta do Templo»: hipérbole para indicar a frequência diária.
39 Este v. corresponde a Mt 2, 23, mas Lucas não relata aqui a fuga para o Egipto.
40 A Teologia explicita que «o Menino crescia», não só na manifestação da sabedoria, mas também no conhecimento experimental.
Sugestões para a homilia
Festa da Apresentação do Senhor
Nossa Senhora da Purificação
Maria, a mulher «Eucarística»
Festa
da Apresentação do Senhor
Maria e José levaram o menino Jesus a Jerusalém a fim
de O apresentar ao Senhor. Quarenta dias depois do seu nascimento, conforme
mandava a lei, os pais levaram-no ao templo. É o encontro do Salvador com
aqueles que veio salvar, representados por Simeão e Ana, segundo palavras do «nunc dimitis» (Lc 2, 29).
Jesus oferece-se ao Pai como vítima de expiação pelos
nossos pecados. Ao entrar no mundo disse: Eis que venho, ó Pai, para fazer a
tua vontade (Heb 10, 9). Esta foi a
«oblação matutina», conforme também ordenava a lei. A «oblação vespertina» será
feita, mais tarde pelo próprio Jesus no alto do monte Calvário. Foi incruenta a
oblação matutina enquanto a vespertina foi cruenta: pregado na Cruz.
Quando é que nos lembramos de fazer da nossa vida uma
oblação? Meu Jesus este dia é todo para Vós. É a entrega da minha própria vida
– o nosso descanso, o nosso trabalho, a nossa oração, a nossa alegria, o nosso
sofrimento ao Pai por meio do sacrifício de Jesus Cristo.
Se vivermos em estado de oblação ao Senhor, não
teremos receio de nos apresentar-mos a Ele na hora da nossa morte.
Nossa
Senhora da Purificação
Embora não estivesse obrigada, Maria quis sujeitar-se
à lei como as outras mães, à imitação de Jesus que também aceitou a circuncisão
e as demais prescrições da lei Judaica.
Com este gesto, Nossa Senhora está a lembrar-nos
quanto precisamos de purificação. A Igreja (todos somos igreja), ao mesmo tempo
que é Santa precisa também de purificação e, sem descanso prossegue no seu
esforço de purificação e renovação.
Precisamos de pedir insistentemente a graça da
conversão e da purificação das nossas vidas. E pedir a purificação dos outros,
de todas as pessoas.
Ao cumprir este preceito de oferecer Jesus, Maria
exerceu ao mesmo tempo, a missão que Deus lhe confiou de co-redutora do género
humano, escreveu a irmã Lúcia (Apelos da Mensagem de Fátima, Pj. 282). Aqui
Maria não oferece só o seu Filho, mas oferece-Se a Si própria como Cristo,
porque o Seu corpo e o Seu sangue recebeu-os Jesus de Maria.
Maria oferece-se em Cristo e com Cristo a Deus Pai.
Maria,
a mulher «Eucarística»
Neste mistério da Apresentação de Jesus, as mãos
puras de Maria são a primeira patena sobre a qual Deus coloca a primeira
hóstia. E dessa patena, a tomou o sacerdote de turno no templo de Jerusalém,
para elevá-la sobre o altar e oferece-la ao Pai como propriedade que Lhe é
devida é oferta em que Ele absolutamente se compaz (Apelos da Mensagem de
Fátima, Pj. 282 ).
Nossa Senhora é a mulher «Eucarística» como lhe chama
o Papa. Explica:
Maria pratica a sua fé eucarística quando ofereceu o
seu ventre para a encarnação do Verbo de Deus. A Eucaristia é um prolongamento
da encarnação. E Maria na anunciação, concebeu o Filho Divino também na
realidade física do Corpo e do Sangue, em certa medida antecipando nela o que
se realiza sacramentalmente em cada crente, quando recebe no sinal do pão e do
vinho, o Corpo e o Sangue do Senhor (Carta eucarística n.º 55) .
A Eucaristia é o mistério da presença real de Deus
entre nós, um mistério inefável. É Deus com um corpo que viveu, lábios que
falaram, mãos que abençoaram! Jesus Cristo e eu! Eis alguns pensamentos que
sugerimos para o Ano da Eucaristia:
Que importância dá-mos à celebração da Eucaristia?
Como é a participação da Santa Missa aos Domingos? E nos dias de semana?
Fala o Santo Padre
«O Menino, que Maria e José levam ao Templo, é o
Verbo encarnado, o Redentor do homem!»
1. «Levaram o Menino a Jerusalém, a fim de O
apresentarem ao Senhor, conforme o que está escrito na Lei do Senhor» (Lc 2, 22). Quarenta dias
depois do Natal, a Igreja hoje revive o mistério da Apresentação de Jesus no
Templo. Revive-o com a admiração da Sagrada Família de Nazaré, iluminada
pela plena revelação daquele «Menino» que como a primeira e a segunda leitura
acabaram de nos recordar é o juiz escatológico prometido pelos profetas (cf. Ml
3, 1-3), o «Sumo Sacerdote misericordioso e fiel», que veio para «expiar os
pecados do povo» (Hb 2, 17).
O Menino, que Maria e José levam com emoção ao
Templo, é o Verbo encarnado, o Redentor do homem da história! Hoje, comemorando
o acontecimento que nesse dia teve lugar em Jerusalém, também nós somos
convidados a entrar no Templo, para meditar sobre o mistério de Cristo, unigénito
do Pai que, com a sua Encarnação e a sua Páscoa, se tornou o primogénito
da humanidade redimida. Desta maneira, nesta festividade prolonga-se o
tema de Cristo luz, que caracteriza as solenidades do Natal e da Epifania.
2. «Luz para iluminar as nações e glória do teu
povo, Israel» (Lc 2, 32). Estas palavras proféticas são proferidas
pelo velho Simeão, inspirado por Deus, quando toma o Menino Jesus nos seus
braços. Ele preanuncia, ao mesmo tempo, que «o Messias do Senhor» realizará a
sua missão como um «sinal de contradição» (Lc 2, 34). Quanto a Maria, a
Mãe, também Ela participará pessoalmente na paixão do seu Filho divino (cf. Lc
2, 35). […]
5. O ícone de Maria, que contemplamos enquanto
oferece Jesus no Templo, prefigura o ícone da Crucifixão, antecipando também a
sua chave de leitura, Jesus, Filho de Deus, sinal de contradição. Com efeito, é
no Calvário que alcança o seu cumprimento a oblação do Filho e, unida a
esta, também a da Mãe. A mesma espada atravessa ambos, a Mãe e o Filho (cf.
Lc 2, 35). A mesma dor. O mesmo amor.
Ao longo deste caminho, a Mater Iesu tornou-se
Mater Ecclesiae. A sua peregrinação de fé e de consagração constitui o
arquétipo para a peregrinação de cada baptizado. É-o de maneira singular para
quantos abraçam a vida consagrada. Como é consolador saber que Maria está ao
nosso lado, como Mãe e Mestra, no itinerário de consagração! Além do plano
afectivo, encontra-se ao nosso lado mais profundamente a nível da eficácia
sobrenatural, demonstrada pelas Escrituras, pela Tradição e pelo testemunho dos
Santos, muitos dos quais seguiram Cristo no caminho exigente dos conselhos
evangélicos. […]
João Paulo II, Festa da
Apresentação do Senhor no Templo, 2 de Fevereiro de 2002
Oração Universal
Oremos, irmãos, a Deus nosso Pai,
por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.
1. Pelo Santo
Padre, bispos, presbíteros e diáconos,
para que com o seu exemplo e palavra
esclarecida
dêem a conhecer Cristo, verdadeira luz
do mundo.
Oremos, irmãos.
2. Para que
sejam iluminados pela luz de Cristo todos aqueles
que procuram a verdade de coração
sincero.
Oremos, irmãos.
3. Por todos os
baptizados, para que sejam luz para os homens
através de uma fé constante e de uma
fidelidade contínua ao baptismo recebido.
Oremos, irmãos.
4. Para que, à
semelhança de Maria,
mostremos disponibilidade no serviço
e sejamos sinal de contradição para
com os contravalores deste mundo.
Oremos, irmãos.
5. Por todos
aqueles que voluntariamente se consagraram
ao serviço exclusivo de Deus e dos
irmãos,
para que o demonstrem com generosidade
e alegria.
Oremos, irmãos.
6. Por todos
aqueles que sofrem pelo serviço do Reino de Deus,
para que sejam fortalecidos pelo
exemplo de Maria.
7. Por todos os
que depois da morte
Vos desejam ver eternamente, para que
sejam iluminados no seu
caminho pela luz de Cristo.
Oremos, irmãos.
Deus todo-poderoso, que recebestes hoje no Vosso
Templo a Jesus Cristo Vosso Filho,
dignai-Vos por Seu intermédio escutar as nossas
preces.
Por nosso Senhor Jesus Cristo...
Liturgia Eucarística
Cântico do ofertório: Cantemos todos em coro, Az. Oliveira, NRMS
88
Oração sobre as oblatas: Senhor, que na vossa bondade quisestes que o vosso
Filho Unigénito Se oferecesse a Vós como Cordeiro sem mancha pela vida do
mundo, fazei que Vos seja agradável a oblação da vossa Igreja em festa. Por
Nosso Senhor...
Prefácio
Cristo, luz
das nações
V. O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
V. Corações ao alto.
R. O nosso coração está em Deus.
V. Dêmos graças ao Senhor nosso Deus.
R. É nosso dever, é nossa salvação.
Senhor, Pai Santo, Deus eterno e omnipotente, é
verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-Vos graças, sempre e em toda
a parte. Hoje o vosso Filho, eterno como Vós, é apresentado no templo e
proclamado pelo Espírito Santo glória de Israel e luz das nações. Por isso,
vamos com alegria ao encontro do Salvador e com os Anjos e os Santos
proclamamos a vossa glória, cantando numa só voz:
Santo: F. da Silva, NRMS 14
Monição da Comunhão
Depois de vivermos a festa da Apresentação de Jesus
no Templo, não poderemos ficar indiferentes à mensagem que ela nos transmitiu.
Teremos, por isso, em todas as manifestações da nossa vida, ser continuidade e
sinal dessa luz, testemunhando a fidelidade ao amor, que gera a verdadeira paz.
Cântico da Comunhão: Os meus olhos viram a salvação, S. Marques, NRMS 88
Lc 2,
30-31
Antífona da comunhão: Os meus olhos viram a salvação que oferecestes a
todos os povos.
Cântico de acção de graças: Deixai-me saborear, F. da Silva, NRMS 17
Oração depois da comunhão: Deus de bondade, que respondestes à esperança do
Santo Simeão, confirmai em nós a obra da vossa graça: assim como lhe destes a
alegria de receber em seus braços, antes de morrer, a Cristo vosso Filho,
concedei que também nós, fortalecidos por estes sacramentos, caminhemos ao
encontro do Senhor e alcancemos a vida eterna. Por Nosso Senhor...
Ritos Finais
Monição final
A luz só tem sentido se realmente iluminar.
Procuremos, junto daqueles que connosco convivem no dia-a-dia, ser chama que
transmite a imagem viva, luminosa e exemplar de Jesus Cristo, luz do mundo.
Cântico final: Aleluia! Glória a Deus, F. da Silva, NRMS 92
Homilias Feriais
5ª feira, 3-II: Continuação da obra de Cristo.
Heb 12,
18-19. 21-24 / Mc 6, 7-13
Os Apóstolos partiram e pregaram que
era preciso cada um arrepender-se. Expulsavam muitos demónios, ungiam com óleo
numerosos doentes e curavam-nos.
«Seguindo-o, eles (os discípulos) adquirem uma nova
dimensão da doença e dos doentes. Jesus associa-os à sua vida pobre e
servidora. Fá-los participar do seu ministério de compaixão e de cura. E eles
'partiram e pregaram...' (Ev. do dia)» (CIC, 1506).
Os discípulos de Cristo devem ser semeadores de
fraternidade a todo o momento e em todas as circunstâncias da vida. Precisamos
impregnar as nossas actividades do selo do amor cristão, que é mansidão,
solidariedade, alegria...
6ª feira, 4-II: Participação activa no sacrifício de
Cristo.
Heb 13, 1-8
/ Mc 6, 14-29
E mandou imediatamente um guarda, com
a ordem de trazer a cabeça de João.
Recordamos anualmente o martírio de João Baptista e
este relato sempre nos emociona. O mesmo acontece com a narração de qualquer
martírio: também o de S. João de Brito. Mas devemos sempre pasmar-nos mais com
a Missa, «memorial sacrificial em que
se perpetua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão do Corpo e
Sangue do Senhor» (CIC, 1382).
Procuremos participar mais activamente no sacrifício
de Cristo, fonte e centro de toda a vida cristã, oferecendo a Deus a vítima divina
e a nós juntamente com ela (cf. IVE, 13).
Sábado, 5-II: O grande Pastor das ovelhas.
Heb 13,
15-17. 20-21 / Mc 6, 30-34
Foi o Deus da paz que retirou dos
mortos Aquele que, pelo sangue de uma Aliança eterna, é o grande pastor das
ovelhas...
Á Missa também se chama o «Santo sacrifício, porque actualiza o único sacrifício do Salvador e
inclui a oferenda da Igreja, ou ainda o Santo
sacrifício da Missa, 'sacrifício de louvor' (Leit. do dia)» (CIC, 1330).
Pelo sangue derramado, Cristo é o grande pastor das
ovelhas (cf. Leit. e Ev.). Meditando nesta sua entrega, procuremos ser «mais
capazes de fazer tudo o que é bom para cumprir a sua vontade» (Leit.). E
peçamos a Jesus que nos «ensine demoradamente» para que nunca nos afastemos do
caminho.
Celebração: António Elísio Portela
Homilia: Armando A. Barreto Marques
Nota
Exegética: Geraldo Morujão
Homilias
Feriais: Nuno Romão
Sugestão Musical: Duarte Nuno Rocha