SOLENIDADE DO PENTECOSTES
Missa do Dia
31 de Maio de 2020
RITOS INICIAIS
Cântico de entrada: Caminhos de Bênção – M. Faria, NRMS, 10
Sab 1, 7
Antífona de entrada: O Espírito do Senhor encheu a terra inteira; Ele, que abrange o universo, conhece toda a palavra. Aleluia.
Ou:
Rom 5, 5; 8, 11
O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que habita em nós. Aleluia.
Diz-se o Glória.
Introdução ao espírito da Celebração
“O Espírito do Senhor encheu a terra inteira.
Ele, que abrange o universo, conhece toda a palavra.” (Sabedoria 1, 7)
Cinquenta dias após a Ressurreição, o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos, transformando-os: Eram pessoas tímidas. Passaram a ser homens corajosos. A festa de Pentecoste não é apenas uma recordação do passado. Assistida pelo Espírito Santo, a Igreja continua a sua aventura missionária, anunciando a Boa Nova a todos os povos. O Espírito Santo, sem destruir a diversidade, congrega na mesma comunhão de fé e de amor, povos separados pelas mais diversas línguas e culturas.
Oração colecta: Deus do universo, que no mistério do Pentecostes santificais a Igreja dispersa entre todos os povos e nações, derramai sobre a terra os dons do Espírito Santo, de modo que também hoje se renovem nos corações dos fiéis os prodígios realizados nos primórdios da pregação do Evangelho. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Liturgia da Palavra
Primeira Leitura
Monição: «Todos ficaram cheios do Espírito Santo.»
Jesus tinha prometido o Espírito Santo. Na tarde daquele dia, Jesus cumpriu a sua promessa: “Recebei o Espírito Santo.” (Jo 20, 19-23) Manifestando a Sua presença sob a forma de vento impetuoso e de línguas de fogo, o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos. No dia de Pentecostes, homens provenientes das mais diversas partes do mundo, começaram a formar o Novo Povo de Deus.
Actos dos Apóstolos 2, 1-11
1Quando chegou o dia de Pentecostes, os Apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar. 2Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. 3Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. 4Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem. 5Residiam em Jerusalém judeus piedosos, procedentes de todas as nações que há debaixo do céu. 6Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua. 7Atónitos e maravilhados, diziam: «Não são todos galileus os que estão a falar? 8Então, como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua? 9Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, 10da Frígia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia, vizinha de Cirene, colonos de Roma, 11tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, ouvimo-los proclamar nas nossas línguas as maravilhas de Deus».
1 «Pentecostes» significa, em grego, quinquagésimo (dia depois da Páscoa). Os judeus chamam-lhe Festa das Semanas (em hebraico, xevuôth, 7 semanas depois da Páscoa). Era uma festa em que se ofereciam a Deus as primícias das colheitas, num gesto de acção de graças. Mais tarde, os rabinos também lhe deram o sentido da comemoração da promulgação da Lei no Sinai.
3 «Línguas de fogo que se iam dividindo». O fogo toma esta forma talvez para significar o dom das línguas. Esta nova divisão das línguas tem a finalidade de unir os homens numa mesma fé e não de os separar com aquela divisão das línguas de que se fala no Génesis (11,1-9).
4 «Começaram a falar outras línguas». Jesus tinha anunciado este prodígio, até então desconhecido (cf. Mc 16,17). Trata-se de um fenómeno sobrenatural, não dum simples fenómeno de exaltação nervosa. No entanto, não há total acordo entre os exegetas para explicar o milagre das línguas do Pentecostes. A explicação mais habitual é que os Apóstolos falaram então verdadeiros idiomas novos (cf. Mc 16,17), mas em Actos não se fala de línguas novas (kainais), como em Marcos, mas de línguas diferentes (cf. v. 4: hetérais). Alguns dizem que o milagre estava nos ouvintes, que ouviam na própria língua das terras donde provinham (v. 8) aquilo que os Apóstolos diziam em aramaico. Outros, especialmente nos nossos dias, põem este milagre em relação com o dom das línguas, ou glossolalia, carisma de que se fala em 1Cor 14,2-33: seria então um tipo de oração extática, especialmente de louvor, em que se articulavam sons ininteligíveis (algo parecido com aquele fenómeno místico a que Santa Teresa de Jesus chama «embriaguez espiritual, júbilo místico»). Sendo assim, o que aconteceu de particular no dia do Pentecostes, foi que não era preciso um intérprete (como em 1Cor 14,27-28) para que os ouvintes entendessem o que diziam os Apóstolos: os ouvintes de boa fé receberam o dom de interpretar o que os Apóstolos diziam, ao passo que os mal dispostos diziam que eles estavam ébrios (v. 13). De qualquer modo, em Actos nunca se diz que a pregação de Pedro (cf. vv. 14-36) foi em línguas; o discurso aparece como posterior a este fenómeno referido no v. 4; em línguas poderia ser algum tipo de oração de louvor, a «proclamar as maravilhas do Senhor» (v. 11).
9-11 Temos aqui uma vasta referência às diversas procedências dos judeus da diáspora: uns teriam mesmo vindo em peregrinação, outros seriam emigrantes que se tinham fixado na Palestina. De qualquer modo, esta enumeração bastante exaustiva e ordenada (a partir do Oriente para Ocidente) pretende pôr em evidência a universalidade da Igreja, que é católica logo ao nascer, destinada a todos os homens de todas as procedências, manifestando-se esta catolicidade na capacidade que todos têm para captar e aderir à pregação apostólica. Por outro lado, também a unidade da Igreja se deixa ver na única mensagem e no único Baptismo que todos recebem; como se lê na 2.ª leitura de hoje, (v. 13) «a todos nos foi dado beber um único Espírito».
Salmo Responsorial Sl 103 (104), lab.24c.29bc-30.31.34
Monição: A experiência da salvação faz brotar o louvor e a gratidão; unimos a nossa súplica à do salmista e cheios de confiança, pedimos ao Pai, em nome de Jesus: Enviai, Senhor o Vosso Espírito e renovai a face da terra.
Refrão: Enviai, Senhor, o vosso Espírito
e renovai a face da terra.
Ou: Mandai, Senhor o vosso Espírito,
e renovai a terra.
Ou: Aleluia.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor.
Senhor, meu Deus, como sois grande!
Como são grandes, Senhor, as vossas obras!
A terra está cheia das vossas criaturas.
Se lhes tirais o alento, morrem
e voltam ao pó donde vieram.
Se mandais o vosso espírito, retomam a vida
e renovais a face da terra.
Glória a Deus para sempre!
Rejubile o Senhor nas suas obras.
Grato Lhe seja o meu canto
e eu terei alegria no Senhor.
Segunda Leitura
Monição: O Apóstolo São Paulo ensina-nos: é pelo Espírito Santo que nós acreditamos que “Jesus Cristo é o Senhor.” É o Espírito Santo que congrega na unidade os crentes, na profissão de uma só fé.
1 Coríntios 12, 3b-7.12-13
Irmãos: 3bNinguém pode dizer «Jesus é o Senhor», a não ser pela acção do Espírito Santo. 4De facto, há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo. 5Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. 6Há diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. 7Em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem comum. 12Assim como o corpo é um só e tem muitos membros e todos os membros, apesar de numerosos, constituem um só corpo, assim também sucede com Cristo. 13Na verdade, todos nós – judeus e gregos, escravos e homens livres – fomos baptizados num só Espírito, para constituirmos um só Corpo. E a todos nos foi dado a beber um único Espírito.
O contexto em que fala S. Paulo aos Coríntios é o de certa confusão que reinava na comunidade acerca dos carismas, em especial os de linguagem. Para começar, avança com um critério de discernimento, a saber, que quem fala o faça de acordo com a verdadeira fé, a confissão de fé na divindade de Jesus: «Jesus é Senhor» (sem artigo em grego, indicando que Jesus é Deus); com efeito, «Senhor» equivale a Yahwéh na tradução grega dos LXX para o nome divino. Por outro lado, deve-se ter em conta que o acto de fé não se pode fazer só pelas próprias forças, é fruto da graça do Espírito Santo (v. 3), que, pelos seus dons, especialmente o do entendimento e o da sabedoria, aperfeiçoam essa mesma fé.
4-5 Pertence à essência da vida da Igreja haver sempre, diversidade de dons espirituais (carismas), ministérios e operações. Estas três designações referem-se fundamentalmente aos mesmos dons de Deus em favor da edificação da Igreja, mas cada um destes três nomes foca um aspecto: a sua gratuidade, a sua utilidade e a sua manifestação do poder actuante de Deus. S Paulo apropria cada um destes aspectos a cada uma das três Pessoas divinas. Toda esta diversidade e variedade de dons procede da unidade divina e concorre para que a unidade da Igreja – um só Corpo (v. 13) – seja mais rica. O Concílio Vaticano II – L. G. 12 – recorda normas práticas acerca destes carismas, ou dons, que Deus concede aos fiéis para a «renovação e cada vez mais ampla edificação da Igreja, para o bem comum» (v. 7). E diz que os dons extraordinários não se devem pedir temerariamente, nem deles se devem esperar, com presunção, os frutos das obras apostólicas; e o juízo acerca da sua autenticidade e recto uso, pertence àqueles que presidem na Igreja, a quem compete de modo especial não extinguir o Espírito, mas julgar e conservar o que é bom (cf. 1Tes 5,12.19-21). Não se pode opor o carismático ao jerárquico; a vida da Igreja, que se expande pelos carismas, tem que se manter na esfera da verdade, garantida pela Hierarquia, a fim de que seja verdadeira vida, e não mera excrescência doentia e anormal, porventura um princípio de auto-destruição.
12 «Assim como o corpo...». A comparação não é original, mas da literatura profana. S. Paulo adapta-a maravilhosamente à Igreja, concebida como um corpo onde não pode haver rivalidades e divisão: «um só corpo». Aqui está latente a doutrina do Corpo Místico explanada em Colossenses e Efésios, mas ainda não se considera de facto a Igreja universal, o Corpo de Cristo; apenas se considera que os cristãos de Corinto são um organismo – um corpo – dependente de Cristo e com a mesma vida de Cristo (v. 27).
13 «E a todos nos foi dado beber um único Espírito». Os exegetas em geral, tendo em conta que no v. anterior já se tinha falado do Baptismo, pensam haver aqui uma referência ao Sacramento da Confirmação, pois então estes Sacramentos se costumavam receber juntos (cf. Act 19,5-6), como ainda hoje no Oriente e entre nós nos adultos.
Aclamação ao Evangelho
Monição: O sopro purificador do Espírito de Deus comunica-se aos Apóstolos e aos cristãos de todos os tempos, a quem Jesus envia para continuar a obra da Redenção: “Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós. Recebei o Espírito Santo.” Aleluia
Aleluia
Cântico: C. Silva/A. Cartageno, COM, (pg 114)
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e
acendei neles o fogo do vosso amor.
Evangelho
São João 20, 19-23
19Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». 20Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. 21Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». 22Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: 23àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos».
Este texto foi escolhido por nele se falar também de uma comunicação do Espírito Santo, esta no dia de Páscoa, e que permite à Igreja o exercício de uma das principais concretizações da sua missão salvífica: o perdão dos pecados por meio do Sacramento da Reconciliação. (Ver atrás os comentários feitos para o 2.º Domingo da Páscoa).
Apraz-nos a citar um belo texto da Declaração Ecuménica das Igrejas Cristãs (Upsala 1968), baseada num conhecido texto patrístico: «Sem o Espírito Santo, Deus fica longe; Cristo pertence ao passado; o Evangelho é letra morta; a Igreja, mais uma organização; a autoridade, um domínio; a missão, uma propaganda; o culto, uma evocação; o agir cristão, uma moral de escravos. Mas, com o Espírito Santo, o cosmos eleva-se e geme na infância do Reino; Cristo ressuscita e é alento de vida; a Igreja é comunhão trinitária; e a autoridade, serviço libertador; a missão é Pentecostes; e o culto, memorial e antecipação; o agir humano torna-se realidade divina».
Sugestões para a homilia
O Amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador.
O Amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Não O podemos ver, mas Ele actua ocultamente no mundo e nos nossos corações. Jesus disse a Nicodemos: “O vento sopra onde quer. Ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito.” (Jo 3,8). Todos podemos experimentar a sua presença e a sua acção em nós e nas pessoas que nos rodeiam, quando nos deixamos conduzir pelo Espírito. Sentimos a presença do Espírito Santo quando vemos os bons frutos que produzimos: “Os frutos do Espírito são a caridade, a alegria, a paz, a paciência, a longanimidade, a bondade, a benignidade, a mansidão, a fidelidade, a modéstia, a continência e a castidade. Se vivemos pelo Espírito, caminhemos segundo o Espírito.” (Gal 5,22-23). Reconhecemos a presença do Espírito Santo quando alguém trabalha e dá a vida pelo Evangelho; reconhecemos que somos movidos pelo Espírito quando construímos a paz, quando nos alegramos e transmitimos a alegria. Deixamo-nos conduzir pelo Espírito quando nos amamos uns aos outros. Todos conhecerão que somos discípulos de Jesus pelo sinal do Amor fraterno. A caridade é o distintivo dos filhos de Deus, porque “Deus é Amor”, ensina São João.[1] Por sua vez, o Apóstolo São Paulo diz que “O Amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo.” (Romanos 5,5)
A vinda do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, não foi um acontecimento isolado. São Lucas nos Actos dos Apóstolos fala da acção do Espírito Santo, dirigindo a vida da Igreja nascente. O Espírito Santo inspirou a pregação dos Apóstolos, confirmou os discípulos na fé e manifestou a sua presença na conversão dos gentios ao cristianismo.
O Profeta Joel tinha anunciado: “Derramarei o meu Espírito sobre toda a criatura. Os vossos filhos e filhas hão-de profetizar. Os vossos jovens terão visões.”[2] O Pentecostes é o início dos tempos messiânicos: com a efusão do Espírito Santo, característica dos “últimos tempos” (Act 2,16), Deus manifesta-se a todos os povos da terra, para transformar os nossos corações. A festa de hoje revela o mistério no qual a Igreja reconhece a sua origem e que ela revive continuamente na celebração do Sacramento do Crisma e dos outros Sacramentos.
Sabemos que nos dias seguintes à ressurreição do Senhor, os Apóstolos permaneceram reunidos no Cenáculo, confortados pela presença da Virgem Maria, Mãe de Jesus. Antes de subir ao Céu, Jesus tinha prometido que enviaria o Espírito Santo: “Não vos afasteis de Jerusalém até que se cumpra a promessa do Pai. Vós sereis baptizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias.” (Actos 1,4) Depois da Ascensão, os Apóstolos estavam reunidos no mesmo lugar e perseveravam em orante expectativa, juntamente com Maria, Mãe de Jesus.[3] Hoje, a primeira Leitura, tirada dos Actos dos Apóstolos, recorda-nos como se cumpriu a promessa de Jesus: “Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo.”[4]
São João situa a descida do Espírito Santo na tarde do dia de Páscoa. Jesus ressuscitado veio ao encontro dos Apóstolos, ofereceu a paz e encheu-os com o dom do Espírito Santo. “Jesus soprou sobre eles e disse: A paz esteja convosco. Recebei o Espírito Santo.” (Jo 20,19-23) Jesus mostrou-lhes as mãos e o lado: “Não tenhais medo. Vede as minhas mãos e os meus pés.”[5] O mesmo Jesus que eles viram crucificado, agora tem um corpo glorioso, capaz de entrar em casa com as portas fechadas. Jesus mostrou os sinais da Sua Paixão. Era necessário desfazer as dúvidas, arrancar o medo, infundir a alegria da vitória sobre a morte: “Os Apóstolos ficaram cheios de alegria, quando viram o Senhor.”
Depois do Pentecostes, São Lucas apresenta-nos a Igreja como uma Comunidade bem unida pela fé e pelo amor, cheia de tranquilidade: “Perseveravam unidos na doutrina dos Apóstolos, na fracção do pão e na oração. (Actos. 2, 42) “A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma. Os Apóstolos davam testemunho da Ressurreição do Senhor e todos gozavam da simpatia de todo o povo.” (Actos 4,32-33)
«Viver segundo o Espírito Santo é viver de fé, de esperança, de caridade: é deixar que Deus tome posse de nós e mude pela raiz os nossos corações, para os moldar à sua medida. Uma vida cristã amadurecida e profunda não é coisa que se improvise, porque é fruto do crescimento da graça de Deus em nós.” (Cristo que passa, n. 134)
“Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador.”
Terminamos hoje o tempo Pascal. Celebrámos a bondade de Jesus, o Mediador entre Deus e os homens. Ele entregou a sua vida a morte para nos oferecer a vida com abundância. Ficámos cheios de consolação ao escutarmos a sua última promessa promessa: “Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.”[6] A festa de Pentecostes continua em nós a alegria dos que foram testemunhas oculares de Jesus Ressuscitado. Por nosso amor, Jesus sofreu, morreu, ressuscitou, subiu aos céus e, em união com o Pai Eterno, enviou-nos o Espírito Santo para nos santificar e nos dar a vida nova.[7] Animados e fortalecidos pelo Espírito Santo, somos enviados ao mundo como mensageiros da paz e da reconciliação. Somos testemunhas de Jesus ressuscitado. Sentimos continuamente a alegria da promessa de Jesus: “Eu pedirei ao Pai e Ele vos enviará o Consolador, que estará sempre convosco para sempre. Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós.”[8]. O Espírito Santo é o nosso celeste Consolador. É o Benfeitor supremo. É a força que faz nascer a Igreja e sempre a renova ao longo dos tempos, com seus dons e carismas. «A Igreja encontra sua origem e a sua realização plena no eterno desígnio de Deus Pai. Fundada pelas palavras e as acções de Cristo, foi realizada mediante a sua Morte redentora e a sua Ressurreição. Foi depois, manifestada como mistério de salvação mediante a efusão do Espírito Santo no Pentecostes. Terá a sua realização plena no final dos tempos, como assembleia celeste de todos os redimidos» (Catecismo da Igreja Católica, 778).
“Consumada a obra que o Pai confiou ao Filho para Ele cumprir na terra, foi enviado o Espírito Santo no dia de Pentecostes, para que santificasse continuamente a Igreja e deste modo os fiéis tivessem acesso ao Pai, por Cristo, num só Espírito. O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis, como num templo (1 Cor. 3,16) e dentro deles ora e dá testemunho da adopção de filhos. O Espírito Santo rejuvenesce continuamente a Igreja e leva-a à união perfeita com o seu Esposo. Assim, a Igreja aparece como «um povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” (LG 4)
“Foi o Espírito Santo que no princípio da Igreja nascente revelou o conhecimento de Deus a todos os povos da terra e uniu a diversidade das línguas na profissão duma só fé. (Prefácio)
Fala o Santo Padre
«A nossa oração ao Espírito Santo é pedir a graça de nos preocuparmos com a unidade entre todos,
de anular as murmurações que semeiam cizânia e as invejas que envenenam,
porque ser homens e mulheres de Igreja significa ser homens e mulheres de comunhão.»
Chega hoje ao seu termo o tempo de Páscoa, desde a Ressurreição de Jesus até ao Pentecostes: cinquenta dias caraterizados de modo especial pela presença do Espírito Santo. De facto, o Dom pascal por excelência é Ele: o Espírito criador, que não cessa de realizar coisas novas. As Leituras de hoje mostram-nos duas novidades: na primeira, o Espírito faz dos discípulos um povo novo; no Evangelho, cria nos discípulos um coração novo.
Um povo novo. No dia de Pentecostes o Espírito desceu do céu em «línguas, à maneira de fogo, que se iam dividindo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas» (At 2, 3-4). Com estas palavras, é descrita a ação do Espírito: primeiro, pousa sobre cada um e, depois, põe a todos em comunicação. A cada um dá um dom e reúne a todos na unidade. Por outras palavras, o mesmo Espírito cria a diversidade e a unidade e, assim, molda um povo novo, diversificado e unido: a Igreja universal. Em primeiro lugar, com fantasia e imprevisibilidade, cria a diversidade; com efeito, em cada época, faz florescer carismas novos e variados. Depois, o mesmo Espírito realiza a unidade: liga, reúne, recompõe a harmonia. «Com a sua presença e ação, congrega na unidade espíritos que, entre si, são distintos e separados» (Cirilo de Alexandria, Comentário ao Evangelho de João, XI, 11). E desta forma temos a unidade verdadeira, a unidade segundo Deus, que não é uniformidade, mas unidade na diferença.
Para se conseguir isso, ajuda-nos o evitar duas tentações frequentes. A primeira é procurar a diversidade sem a unidade. Sucede quando se quer distinguir, quando se formam coligações e partidos, quando se obstina em posições excludentes, quando se fecha nos próprios particularismos, porventura considerando-se os melhores ou aqueles que têm sempre razão - são os chamados guardiões da verdade. Desta maneira escolhe-se a parte, não o todo, pertencer primeiro a isto ou àquilo e só depois à Igreja; tornam-se «adeptos» em vez de irmãos e irmãs no mesmo Espírito; cristãos «de direita ou de esquerda» antes de o ser de Jesus; inflexíveis guardiães do passado ou vanguardistas do futuro em vez de filhos humildes e agradecidos da Igreja. Assim, temos a diversidade sem a unidade. Por sua vez, a tentação oposta é procurar a unidade sem a diversidade. Mas, deste modo, a unidade torna-se uniformidade, obrigação de fazer tudo juntos e tudo igual, de pensar todos sempre do mesmo modo. Assim, a unidade acaba por ser homologação, e já não há liberdade. Ora, como diz São Paulo, «onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade» (2 Cor 3, 17).
Então a nossa oração ao Espírito Santo é pedir a graça de acolhermos a sua unidade, um olhar que, independentemente das preferências pessoais, abraça e ama a sua Igreja, a nossa Igreja; pedir a graça de nos preocuparmos com a unidade entre todos, de anular as murmurações que semeiam cizânia e as invejas que envenenam, porque ser homens e mulheres de Igreja significa ser homens e mulheres de comunhão; é pedir também um coração que sinta a Igreja como nossa Mãe e nossa casa: a casa acolhedora e aberta, onde se partilha a alegria multiforme do Espírito Santo.
E passemos agora à segunda novidade: um coração novo. Quando Jesus ressuscitado aparece pela primeira vez aos seus, diz-lhes: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados» (Jo 20, 22-23). Jesus não condenou os seus, que O abandonaram e renegaram durante a Paixão, mas dá-lhes o Espírito do perdão. O Espírito é o primeiro dom do Ressuscitado, tendo sido dado, antes de mais nada, para perdoar os pecados. Eis o início da Igreja, eis a cola que nos mantém unidos, o cimento que une os tijolos da casa: o perdão. Com efeito, o perdão é o dom elevado à potência infinita, é o amor maior, aquele que mantém unido não obstante tudo, que impede de soçobrar, que reforça e solidifica. O perdão liberta o coração e permite recomeçar: o perdão dá esperança; sem perdão, não se edifica a Igreja.
O Espírito do perdão, que tudo resolve na concórdia, impele-nos a recusar outros caminhos: os caminhos apressados de quem julga, os caminhos sem saída de quem fecha todas as portas, os caminhos de sentido único de quem critica os outros. Ao contrário, o Espírito exorta-nos a percorrer o caminho com duplo sentido do perdão recebido e do perdão dado, da misericórdia divina que se faz amor ao próximo, da caridade como «único critério segundo o qual tudo deve ser feito ou deixado de fazer, alterado ou não» (Isaac da Estrela, Discurso 31). Peçamos a graça de tornar o rosto da nossa Mãe Igreja cada vez mais belo, renovando-nos com o perdão e corrigindo-nos a nós mesmos: só então poderemos corrigir os outros na caridade.
Peçamos ao Espírito Santo, fogo de amor que arde na Igreja e dentro de nós, embora muitas vezes o cubramos com a cinza das nossas culpas: «Espírito de Deus, Senhor que estais no meu coração e no coração da Igreja, Vós que fazeis avançar a Igreja, moldando-a na diversidade, vinde! Precisamos de Vós, como de água, para viver: continuai a descer sobre nós e ensinai-nos a unidade, renovai os nossos corações e ensinai-nos a amar como Vós nos amais, a perdoar como Vós nos perdoais. Amen».
Papa Francisco, Homilia, Praça de São Pedro, 4 de junho de 2017
Oração Universal
Caríssimos irmãos: Imploremos a Deus nosso Pai
que envie o Espírito Santo sobre a Igreja,
para confirmar a sua renovação pascal,
dizendo com alegria:
R. Mandai, Senhor, o vosso Espírito.
1. Pela santa Igreja de Deus,
para que, cheia dos dons do Espírito Santo,
seja reunida e confirmada na unidade, oremos.
2. Pelo santo Padre, o Papa Francisco
pelo nosso Bispo, seu presbitério e diáconos,
para que Deus lhes conceda em abundância o espírito de sabedoria e de santidade, oremos.
3. Pelos responsáveis políticos dos povos,
para que promovam a solidariedade entre as nações
e a justa distribuição dos bens em toda a terra, oremos.
4. Pelos que são vítimas da fraqueza humana e
dos extravios do próprio coração,
para que o Espírito do Senhor os ilumine, oremos.
5. Pelo povo de Deus aqui reunido
e pelos fiéis da nossa Diocese,
para que o Espírito nos faça crescer na caridade, oremos.
Deus eterno e omnipotente, que, na manhã do Pentecostes,
enviastes o Espírito Santo sobre os Apóstolos,
tornai-nos, como eles, testemunhas do Evangelho,
para proclamarmos, com alegria, as vossas maravilhas.
Por Cristo, nosso Senhor.
Liturgia Eucarística
Cântico do ofertório: Louvada seja na terra a Virgem Santa Maria – A. F. Santos, NRMS, 33-34
Oração sobre as oblatas: Concedei-nos, Senhor nosso Deus, que o Espírito Santo, segundo a promessa do vosso Filho, nos revele plenamente o mistério deste sacrifício e nos faça conhecer toda a verdade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
PREFÁCIO
O mistério do Pentecostes
V. O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
V. Corações ao alto.
R. O nosso coração está em Deus.
V. Dêmos graças ao Senhor nosso Deus.
R. É nosso dever, é nossa salvação.
Senhor, Pai santo, Deus eterno e omnipotente, é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-Vos graças, sempre e em toda a parte.
Hoje manifestastes a plenitude do mistério pascal e sobre os filhos de adopção, unidos em comunhão admirável ao vosso Filho Unigénito, derramastes o Espírito Santo, que no princípio da Igreja nascente revelou o conhecimento de Deus a todos os povos da terra e uniu a diversidade das línguas na profissão duma só fé.
Por isso, na plenitude da alegria pascal, exultam os homens por toda a terra e com os Anjos e os Santos proclamam a vossa glória, cantando numa só voz:
Santo, Santo, Santo.
No Cânone Romano dizem-se o Communicantes (Em comunhão com toda a Igreja) e o Hanc igitur (Aceitai benignamente, Senhor) próprios. Nas Orações Eucarísticas II e III fazem-se também as comemorações próprias.
Santo: Santo I, H. Faria, NRMS 103-104
Monição da Comunhão
“O amor de Deus foi derramado em nossos corações
pelo Espírito Santo que habita em nós.” (Rom 5, 5)
O Espírito Santo faz de nós Filhos de Deus e dá-nos a coragem e a alegria de sermos verdadeiros discípulos de Jesus ressuscitado, que nos alimenta com o seu Corpo e o seu Sangue.
Rezemos com a oração da Igreja, chamada Sequência de Pentecostes:
Vinde, ó Santo Espírito, vinde, Amor ardente, acendei na terra vossa luz fulgente.
Vinde, Pai dos pobres: na dor e aflições, vinde encher de gozo nossos corações.
Lavai nossas manchas, a aridez regai, sarai os enfermos e a todos salvai.
Abrandai durezas para os caminhantes, animai os tristes, guiai os errantes.
Vossos sete dons concedei à alma do que em Vós confia:
Virtude na vida, amparo na morte, no Céu alegria.
Cântico da Comunhão: É celebrada a Vossa glória – A. F. Santos, BML, 33
Actos 2, 4. 11
Antífona da comunhão: Todos ficaram cheios do Espírito Santo e proclamavam as maravilhas de Deus. Aleluia.
Cântico de acção de graças: Magnificat – P. B. Terreiro, CT 759
Oração depois da comunhão: Senhor nosso Deus, que concedeis com abundância à vossa Igreja os dons sagrados, conservai nela a graça que lhe destes, para que floresça sempre em nós o dom do Espírito Santo, e o alimento espiritual que recebemos nos faça progredir no caminho da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Na despedida do povo, o diácono ou o próprio sacerdote diz:
Ide em paz e o Senhor vos acompanhe. Aleluia. Aleluia.
O povo responde:
Graças a Deus. Aleluia. Aleluia.
Terminado o Tempo Pascal, convém levar o círio pascal para o baptistério e conservá-lo aí com a devida reverência, para que, na celebração do Baptismo, se acenda na sua chama a vela dos baptizados.
Nos lugares em que há o costume de afluírem em grande número os fiéis para assistirem à Missa na segunda ou também na terça-feira depois do Pentecostes, pode dizer-se a Missa do Domingo de Pentecostes ou a Missa votiva do Espírito Santo (p.1260).
Ritos Finais
Monição final
Comentário do Santo Padre aos sete dons do Espírito Santo:
O Catecismo da Igreja Católica diz que: “Os sete dons do Espírito Santo são: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. Em plenitude, pertencem a Jesus Cristo. Completam e levam à perfeição as virtudes daqueles que os recebem” (n.1831). Tornam os fiéis dóceis para obedecerem prontamente às inspirações divinas.
1- Dom de Ciência
O dom da ciência faz com que o cristão penetre na realidade deste mundo sob a luz de Deus; faz com vejamos cada criatura como reflexo da sabedoria do Criador e como caminho para Deus. Leva o homem a compreender o vestígio de Deus que há em cada ser criado. O homem foi feito para Deus e só n’Ele pode descansar, como disse Santo Agostinho. Por este dom o cristão reconhece o sentido do sofrimento e das humilhações no plano de Deus, que liberta e purifica o homem.
2- Dom do Entendimento
O dom do entendimento ajuda-nos a penetrar no íntimo das verdades reveladas por Deus e entendê-las. Por ele o cristão contempla os mistérios da fé. É um entendimento diferente daquele que o teólogo obtém pelo estudo, que é penoso e lento. O dom da inteligência é eficaz mesmo sem estudo; é dado aos pequeninos e aos humildes, desde que tenham um grande amor a Deus.
Por este dom conhecemos os nossos pecados e a nossa miséria. Os santos, quanto mais se aproximaram de Deus, mais consciência tiveram do seu pecado ou da sua distância de Deus.
3- Dom da Sabedoria
O dom da sabedoria dá-nos um conhecimento da verdade revelada por Deus. Abrange todos os conhecimentos do cristão e coloca-os sob a luz de Deus; mostra a grandeza do plano do Criador e a sua omnipotência. Vem da intimidade com o Senhor.
4- Dom do Conselho
O dom do conselho permite ao cristão tomar as decisões oportunas nas horas difíceis da vida, para que se comporte como verdadeiro filho de Deus. Isso, às vezes, exige coragem. Pelo dom do conselho o Espírito Santo inspira-nos a maneira correcta de agir no momento oportuno. “Todas as coisas têm o seu tempo, e tudo o que existe debaixo dos céus tem a sua hora.” (Ecl 3, 1-8); fora desse momento preciso, o que é oportuno pode tornar-se inoportuno; nem sempre é fácil discernir se é oportuno falar ou calar, ficar ou partir, dizer “sim” ou dizer “não”.
5- Dom da Piedade
O dom da piedade orienta-nos em todas as relações que temos com Deus e com o próximo. São Paulo refere-se a isso: “Recebestes o Espírito de adopção filial, pelo qual bradamos: Abbá ó Pai” (Rm 8,15). O Espírito Santo, mediante o dom da piedade, faz-nos, como filhos adoptivos de Deus, reconhecer Deus como Pai. E, pelo facto de reconhecermos Deus como Pai, consideramos as criaturas com olhar novo. Este dom leva-nos a considerar o facto de que Deus é sumamente santo e sábio: “Nós vos damos graças por vossa imensa glória”. É o dom da piedade que leva os santos a desejar, acima de tudo, a honra e a glória de Deus. “Para que em tudo seja Deus glorificado”, dizia São Bento. E Santo Inácio de Loiola exclamava: “Para a maior glória de Deus”. É também o dom da piedade que desperta no cristão a inabalável confiança em Deus Pai, como, por exemplo, Santa Teresinha. Este dom leva o cristão a ver o outro como irmão e a amá-lo como filho de Deus.
6- Dom da Fortaleza
O dom da fortaleza dá-nos força para a fidelidade à vida cristã, cheia de dificuldades. Jesus disse que “o Reino dos céus sofre violência e são os violentos que se apoderam dele” (Mt 11,12). Pelo dom da Fortaleza o Espírito Santo dá-nos a coragem necessária para a luta diária contra nós mesmos, nossas paixões e problemas, com paciência, perseverança, coragem e silêncio. Dá-nos força sobrenatural. Esta força divina transforma os obstáculos em meios e dá-nos a paz, mesmo nas horas mais difíceis. Foi o que levou São Francisco de Assis a dizer: “Irmão Leão, a perfeita alegria consiste em padecer por Cristo, que tanto quis padecer por nós”.
7- Dom do Temor
O dom do temor de Deus leva-nos a amá-Lo tão profundamente que tenhamos receio de O ofender. Nada tem a ver com o temor do mercenário ou o temor do castigo (do escravo); mas é o temor do amor do filho. É a rejeição que o cristão experimenta diante da possibilidade de ofender a Deus; brota das entranhas do amor. Não há verdadeiro amor sem este tipo de temor. Medo de ofender o Amado. Pelo dom do temor de Deus a vitória é rápida e perfeita, pois é o Espírito que move o cristão a dizer “não” à tentação. O dom do temor de Deus está ligado à virtude da humildade, que nos faz conhecer a nossa miséria, impede a presunção e a vã glória, e assim, nos torna conscientes de que podemos ofender a Deus; daí surge o santo temor de Deus. O temor de Deus também está ligado à virtude da temperança; combate a concupiscência e os impulsos desordenados do coração, para não ofender e magoar a Deus.
(Santo Padre, Papa Francisco, 1 de Junho 2017)
Cântico final: Gloriosa Mãe de Deus – M. Carneiro, NRMS, 33-34
Celebração e Homilia: José Roque
Nota Exegética: Geraldo Morujão
Sugestão Musical: Duarte Nuno Rocha