Santíssimo Corpo e Sangue e Cristo

7 de Junho de 2007

 

Solenidade

 

RITOS INICIAIS

 

Cântico de entrada: Da Flor da Farinha os Alimentou, M. Carneiro, NRMS 37

Salmo 80,17

Antífona de entrada: O Senhor alimentou o seu povo com a flor da farinha e saciou-o com o mel do rochedo.

 

Diz-se o Glória.

 

Introdução ao espírito da Celebração

 

Quis o Senhor estabelecer um Sacramento que, sendo ao mesmo tempo Sacrifício e Memorial da sua Paixão, tivesse a forma de um Banquete, onde tivéssemos como alimento, sob as espécies do pão e do vinho, o seu próprio Corpo e Sangue. Na Eucaristia, o Filho de Deus vem ao nosso encontro e deseja unir-se connosco.

A solenidade do Corpo de Deus que hoje celebramos é verdadeiramente a festa de Deus no meio de nós

 

Oração colecta: Senhor Jesus Cristo, que neste admirável sacramento nos deixastes o memorial da vossa paixão, concedei-nos a graça de venerar de tal modo os mistérios do vosso Corpo e Sangue que sintamos continuamente os frutos da vossa redenção.

 

 

Liturgia da Palavra

 

Primeira Leitura

 

Monição: A oferta do pão e do vinho a Abraão por parte de Melquisedec, rei-sacerdote de Jerusalém, sempre foi vista pela liturgia da Igreja como figura do Sacrifício Eucarístico.

 

Génesis 14, 18-20

Naqueles dias, 18Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho. Era sacerdote do Deus Altíssimo 19e abençoou Abraão, dizendo: «Abençoado seja Abraão pelo Deus Altíssimo, criador do céu e da terra. 20Bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou nas tuas mãos os teus inimigos». E Abraão deu-lhe a dízima de tudo.

 

«Melquisedec», rei-sacerdote de «Salém», isto é, Jerusalém. Salém significa paz (xalom); Jerusalém (Yeruxaláyim) significa «fundação de paz»; era a capital dos Jebuseus, que David viria a conquistar muitos séculos depois. Após a expedição de Abraão contra os quatro reis orientais que tinham saqueado a zona do Mar Morto, a Pentápole, Abraão e os seus homens armados tinham chegado vitoriosos (v. 16), mas exaustos. O rei de Jerusalém, reconhecido pelo perigo que Abraão afastara das suas vizinhanças, veio ao seu encontro com abastecimentos de pão e vinho para restabelecer as forças das tropas cansadas. Abraão, agradecido por tal atitude, decide recompensar Melquisedec com o dízimo de todos os despojos que trazia da expedição guerreira. A tradição patrística e a Liturgia, viram na oferta de pão e vinho uma figura do Sacrifício Eucarístico; no Cânone Romano pede-se a Deus que aceite o Sacrifício da Missa como aceitou o sacrifício de Melquisedec. Mas podemos perguntar: esta oferta foi um verdadeiro sacrifício, ou um simples auxílio às tropas cansadas? Se é certo que o verbo hebraico, «trouxe», não pertence ao vocabulário sacrifícial, também é certo que Melquisedec era sacerdote e foi nesta condição que «trouxe pão e vinho», sendo coerente que tivesse sido oferecido antes em sacrifício, talvez em acção de graças da vitória obtida. Pelo Salmo109 (110) e por Hbr 7, sabemos que Melquisedec é uma figura de Cristo. Também Jesus – o anti-tipo de Melquisedec – alimenta os seus soldados, cansados na batalha contra os inimigos do Reino, com o pão e o vinho eucarístico, o seu Corpo e Sangue oferecido em sacrifício; por isso a Igreja reza: «da robur, fer auxilium» (dá-nos força, traz-nos auxílio).

 

Salmo Responsorial    Sl 109 (110), 1-4 (R. 4bc)

 

Monição: Sacerdote e Vítima no altar da Cruz, Jesus continua a sê-lo no altar da Eucaristia, oferecendo-se de modo incruento pelas mãos do Sacerdote.

 

Refrão:         O Senhor é sacerdote para sempre.

 

Ou:                Tu és sacerdote para sempre,

segundo a ordem de Melquisedec.

 

Disse o Senhor ao meu Senhor:

«Senta-te à minha direita,

até que Eu faça de teus inimigos escabelo de teus pés.

 

O Senhor estenderá de Sião

o ceptro do teu poder

e tu dominarás no meio dos teus inimigos.

 

A ti pertence a realeza desde o dia em que nasceste

nos esplendores da santidade,

antes da aurora, como orvalho, Eu te gerei».

 

O Senhor jurou e não Se arrependerá:

«Tu és sacerdote para sempre,

segundo a ordem de Melquisedec».

 

Segunda Leitura

 

Monição: O relato da última Ceia feito por S. Paulo é certamente o testemunho mais antigo que nos chegou sobre a instituição da Eucaristia.

 

1 Coríntios 11, 23-26

Irmãos: 23Eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus, na noite em que ia ser entregue, tomou o pão e, dando graças, 24partiu-o e disse: «Isto é o meu Corpo, entregue por vós. Fazei isto em memória de Mim». 25Do mesmo modo, no fim da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice é a nova aliança no meu Sangue. Todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de Mim». 26Na verdade, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que Ele venha.

 

Temos aqui o relato da última Ceia, o mais antigo dos quatro que aparecem no N. T., escrito apenas uns 25 anos após o acontecimento. São Paulo diz que isto mesmo já o tinha pregado aos cristãos (v. 23) uns quatro anos atrás, durante os 18 meses em que evangelizou a cidade de Corinto, por ocasião da sua segunda viagem.

23 «Recebi do Senhor»: O original grego (com o uso da preposição apó e não pará) deixa ver que S. Paulo recebeu esta doutrina pela tradição que remonta ao Senhor e não directamente dele, por meio de alguma revelação, como alguém poderia pensar. «Na noite em que ia ser entregue»: Há uma dupla entrega do Senhor, a sua entrega às mãos dos seus inimigos, para morrer pelos nossos pecados e nos ganhar a vida divina, e a entrega no Sacramento da SS. Eucaristia, como alimento desta mesma vida divina. Para o seu amor infinito, é pouco dar-se todo uma só vez por todos; quer dar-se todo a cada um de nós todas as vezes que nos disponhamos a recebê-lo!

24 «Isto é o Meu Corpo»: A expressão de Jesus é categórica e terminante, sem deixar lugar a mal entendidos. Não diz «aqui está o meu corpo», nem «isto simboliza o meu corpo», mas sim: «isto é o meu corpo», como se dissesse «este pão já não é pão, mas é o meu corpo». Todas as tentativas heréticas de entender estas palavras num sentido meramente simbólico, fazem violência ao texto e não têm seriedade. É certo que o verbo «ser» também pode ter o sentido de «ser como», «significar», mas isto é só quando do contexto se possa depreender que se trata duma comparação, o que não se dá aqui, pois não se vê facilmente como o pão seja como o Corpo de Jesus, ou como é que o pode significar. Atenda-se a que Jesus, com a palavra isto não se refere à acção de partir o pão, pois não pronuncia estas palavras enquanto parte o pão, mas depois de o ter partido; portanto não tem sentido dizer que, com a fracção do pão, o Senhor queria representar o despedaçar do seu corpo por uma morte violenta (o corpo entregue); Jesus não podia querer dizer tal coisa, pois, se o quisesse dizer, havia de o explicitar, uma vez que o gesto de partir o pão era um gesto usual do chefe da mesa em todas as refeições, não sendo possível ver um outro sentido; por outro lado, o beber do cálice de modo nenhum se podia prestar a um tal sentido simbólico.

Os Apóstolos vieram a entender as palavras de Jesus no seu verdadeiro realismo, como aparecem no discurso do Pão da Vida (Jo 6, 51-58). Se Jesus não quisesse dar este sentido realista às suas palavras, também os seus discípulos e a primitiva Igreja não lho podiam dar, porque beber o sangue era algo sumamente escandaloso para gente criada no judaísmo, que ia ao ponto de proibir a comida de animais não sangrados. Se S. Paulo não entendesse estas palavras de Jesus num sentido realista, não teria podido afirmar no v. 27 (omitido na leitura de hoje): «quem comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor»; e no v. 29 fala de «distinguir o corpo do Senhor».

Paulo VI, na encíclica Misterium fidei, rejeitou as explicações teológicas (transignificação e transfinalização) que não respeitem suficientemente o realismo da presença real: «Mas para que, ninguém entenda erroneamente este modo de presença, que supera leis da natureza e constitui o maior dos milagres no seu género, é preciso seguir com docilidade a voz da Igreja docente e orante. Pois bem, esta voz, que é um eco perene da voz de Cristo, assegura-nos que Cristo se torna presente neste Sacramento pela conversão de toda a substância do pão no seu corpo e de toda a substância no vinho no seu sangue; conversão admirável e singular à qual a Igreja justamente e com propriedade chama transubstanciação» (atenda-se a que aqui a noção de substância não é a da Física ou da Química, mas a da Metafísica).

24-25 «Fazei isto em memória de Mim»: Com estas palavras, Jesus Cristo entrega aos Apóstolos (e aos seus sucessores) o poder ministerial de celebrar o Mistério Eucarístico; por isso, Quinta-Feira Santa é o dia do sacerdócio e dos sacerdotes.

25 «A Nova Aliança com o meu Sangue»: Jesus compara o seu sangue, que vai derramar na cruz, ao sangue do sacrifício da Aliança do Sinai (cf. Ex 24, 8), como sendo o novo sacrifício com que se ratifica a Nova Aliança de Deus com a Humanidade, aliança anunciada pelos profetas (Jer 31, 31-33). Na Ceia temos o mesmo sacrifício do Calvário antecipado sacramentalmente através das palavras do próprio Jesus. Na Missa temos igualmente o mesmo sacrifício da Cruz renovado e representado sacramentalmente através da dupla consagração feita pelo sacerdote, que actua na pessoa e em nome de Cristo, sendo Ele o mesmo oferente principal, a mesma vítima e sendo os merecimentos os mesmos do único Sacrifício redentor a serem aplicados, Sacrifício oferecido de uma vez para sempre (efápax: cf. Hebr 9, 25-28; 10, 10.18).

26 «Anunciareis a Morte do Senhor»: No altar já não se derrama o sangue de Cristo, como na Cruz, mas oferece-se, de modo incruento, o mesmo sacrifício, renovando e representando sacramentalmente o mistério da mesma Morte que se deu no Calvário.

 

Aclamação ao Evangelho        Jo 6, 51

 

Monição: O milagre da multiplicação dos pães preparou as pessoas para o milagre da Eucaristia. Aclamemos o Senhor com alegria e com muita gratidão pelo seu grande amor para connosco.

 

Aleluia

 

Cântico: Az. Oliveira, NRMS 36

 

Eu sou o pão vivo descido do Céu, diz o Senhor.

Quem comer deste pão viverá eternamente.

 

 

Evangelho

 

São Lucas 9, 11b-17

Naquele tempo, 11bestava Jesus a falar à multidão sobre o reino de Deus e a curar aqueles que necessitavam. 12O dia começava a declinar. Então os Doze aproximaram-se e disseram-Lhe: «Manda embora a multidão para ir procurar pousada e alimento às aldeias e casais mais próximos, pois aqui estamos num local deserto». 13Disse-lhes Jesus: «Dai-lhes vós de comer». Mas eles responderam: «Não temos senão cinco pães e dois peixes... Só se formos nós mesmos comprar comida para todo este povo». 14Eram de facto uns cinco mil homens. Disse Jesus aos discípulos: «Mandai-os sentar por grupos de cinquenta». 15Assim fizeram e todos se sentaram. 16Então Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao Céu e pronunciou sobre eles a bênção. Depois partiu-os e deu-os aos discípulos, para eles os distribuírem pela multidão. 17Todos comeram e ficaram saciados; e ainda recolheram doze cestos dos pedaços que sobraram.

 

Há uma profunda relação entre este milagre e a instituição da Eucaristia. A própria descrição dos gestos de Jesus ao fazer o milagre sugere os seus gestos na Ceia: «abençoou», «partiu», «deu aos discípulos». Com este milagre, é prefigurado o prodígio da Eucaristia e os Apóstolos são preparados para receberem tão grande dom e o distribuírem aos fiéis: «para eles os distribuírem pela multidão» (v. 16). A linguagem do relato deixa ver fortes ressonâncias litúrgicas, provenientes certamente da vida das primitivas comunidades, que celebravam a Eucaristia. O IV Evangelho conserva-nos a promessa do Pão da Vida no discurso eucarístico (Jo 6, 32-58), na sequência deste mesmo milagre. Lucas não refere a 2ª multiplicação dos pães, que se insere na chamada grande omissão de Lucas relativamente a Marcos, que lhe terá servido de fonte (Mc 6, 45 – 8, 26); por outro lado Lucas costuma omitir relatos paralelos, para não se alongar sem necessidade.

13 «Dai-lhes vós de comer.» Jesus sabia o que ia fazer, como sublinha o relato muito mais pormenorizado de S. João; e disse isto para os pôr à prova (Jo 6, 6), isto é, para ver até que ponto os seus Apóstolos estavam capacitados para confiar na omnipotência divina que Jesus lhes tinha vindo a mostrar com tantos milagres já realizados.

 

Sugestões para a homilia

 

1. Pão vivo descido do Céu.

2. Penhor de vida eterna.

3. Sacramento da caridade.

1. Pão vivo descido do Céu.

Depois de Jesus ter saciado a multidão com a multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus interpela os que o seguiram até à Sinagoga de Cafarnaum: «Meu Pai é que vos dá o verdadeiro Pão que vem do Céu. O Pão de Deus é o que desce do Céu para dar a vida ao mundo» (Jo 6, 32-33).

A Eucaristia é verdadeiro alimento que sustenta as nossas forças neste longo caminhar para Deus; é alimento que torna suave o seu jugo e leve a sua carga, que nos protege contra os perigos e vacilações e dá vigor ao nosso andar.

«Na Eucaristia, Jesus não dá 'alguma coisa', mas dá-se a si mesmo; entrega o seu Corpo e derrama o seu Sangue. Deste modo, dá a totalidade da sua própria vida, manifestando a fonte originária deste amor: Ele é o Filho eterno que o Pai entregou por nós» (Bento XVI, Sacramento da Caridade, 7).

Cada comunhão é um novo caudal de graças, é uma nova luz e um novo impulso que, mesmo sem o notarmos, nos dá fortaleza para a luta espiritual e nos deleita como todo o alimento: «Tudo o que faz o manjar e a bebida materiais – sustentar, aumentar, reparar e deleitar – fá-lo este Sacramento na vida espiritual» (S.Th III,q.79,a1c)

2. Penhor de vida eterna.

«Eu sou o Pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste Pão viverá eternamente. E o Pão que Eu hei-de dar é aminha carne que Eu darei pela vida do mundo» (Jo 6, 51).

«Assim como o pão que procede da terra, recebendo a invocação de Deus, já não é um pão corrente, mas é Eucaristia...assim também os nossos corpos, recebendo a Eucaristia, já não são corruptíveis mas têm a esperança da Ressurreição» (S. Ireneu, Adv. haer. 4, 18,5).

A Eucaristia, como Sacramento da Caridade, abrasa e consome as impurezas da alma, purifica-a de sua faltas veniais e deposita nela um gérmen de imortalidade, de vida eterna.

Na Eucaristia é-nos dado «saborear antecipadamente a consumação escatológica para a qual todo o ser humano e a criação inteira estão a caminho» (Rom. 18, 19s). O ser humano é criado para a felicidade verdadeira e eterna, que só o amor de Deus pode dar... «O banquete eucarístico é uma antecipação real do banquete final, preanunciado pelos profetas (Is. 25, 6-9) e descrito no Novo Testamento como as 'núpcias do Cordeiro' (Apoc. 19, 7-9), que se hão-de celebrar na comunhão dos santos.» (Bento XVI, Sacramento da Caridade, 30-31).

3. Sacramento da caridade.

«Sacramento da Caridade (S.Th.III,q.73,a.3.), a Santíssima Eucaristia é a doação que Jesus Cristo faz de si mesmo, revelando-nos o amor infinito de Deus por cada pessoa. Neste Sacramento admirável, manifesta-se o amor 'maior': o amor que leva a 'dar a vida pelos amigos' (Jo 15, 13). De facto, 'Jesus amou-os até ai fim' (Jo 13, 1)...Jesus continua a amar-nos 'até ao fim', até ao dom do seu Corpo e do seu Sangue...Que maravilha deve suscitar no nosso coração o mistério eucarístico» (Bento XVI, Sacramento da Caridade, 1).

S. Paulo, na primeira Carta aos Coríntios, recorda-nos que «se há um só pão, somos todos um mesmo corpo, posto que todos participamos de um mesmo pão» (10,17); a adesão pessoal, íntima e operativa a Jesus Cristo, Cabeça do Corpo Místico que é a Igreja, explica e reforça a união entre os seus membros – união que deve manifestar-se na caridade, em obras de amor e de serviço aos nossos irmãos, sem qualquer acepção de pessoas.

«Quem poderá dividir e apartar da sua união natural aqueles que por este único e santo corpo se uniram intimamente com Cristo?» (S. Cirilo de Alex., in Joan.Ev.com. 11,11).

«É significativo o modo como a Oração Eucarística II, ao invocar o Paráclito, formula a prece pela unidade da Igreja: '...participando no Corpo e Sangue de Cristo, sejamos reunidos, pelo Espírito Santo, num só Corpo'. Esta passagem ajuda a compreender como a eficácia do sacramento eucarístico seja a unidade dos fiéis na comunhão eclesial. Assim, a Eucaristia aparece na raiz da Igreja como mistério de comunhão» (Bento XVI, Sacramento da Caridade, 15).

 

Fala o Santo Padre

 

«A Igreja vive da Eucaristia!»

 

1. «Todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha» (1 Cor 11, 26).

Com estas palavras, São Paulo recorda aos cristãos de Corinto que a «ceia do Senhor» não é apenas um encontro de convívio, mas também e sobretudo o memorial do sacrifício redentor de Cristo. Quem nele participa explica o Apóstolo une-se ao mistério da morte do Senhor, aliás, faz-se «anunciador» da mesma.

Portanto, existe um relacionamento muito estreito entre o «fazer a Eucaristia» e «o anunciar Cristo». Entrar em comunhão com Ele, no memorial da Páscoa, significa ao mesmo tempo tornar-se missionário do evento que tal rito actualiza; num certo sentido, significa torná-lo contemporâneo de todas as épocas, até que o Senhor volte.

2. Caríssimos Irmãos e Irmãs, revivemos esta maravilhosa realidade na hodierna solenidade do Corpus Christi, em que a Igreja não apenas celebra a Eucaristia, mas também a leva de forma solene em procissão, anunciando publicamente que o Sacrifício de Cristo é para a salvação do mundo inteiro.

Reconhecido por este dom imenso, ela reúne-se em redor do Santíssimo Sacramento, porque ali estão a fonte e o ápice do próprio ser e agir. Ecclesia de Eucharistia vivit! A Igreja vive da Eucaristia e sabe que esta verdade não exprime apenas uma experiência quotidiana de fé, mas encerra de modo sintético o núcleo do mistério que ela mesma é (cf. Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia, 1). […]

4. «Dai-lhes vós mesmos de comer» (Lc 9, 13).

A página evangélica que acabámos de escutar oferece uma imagem eficaz do vínculo íntimo que existe entre a Eucaristia e esta missão universal da Igreja. Cristo, «pão vivo que desceu do Céu» (Jo 6, 51; cf. Aclamação ao Evangelho), é o único que pode saciar a fome do homem de todos os tempos e em todas as regiões da terra.

Porém, ele não quer fazê-lo sozinho, e assim, como na multiplicação dos pães, envolve também os discípulos: «Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, pronunciou sobre eles a bênção, partiu-os deu-os aos discípulos para que os distribuíssem à multidão» (Lc 9, 16).

Este sinal milagroso é figura do maior mistério de amor que se renova cada dia na Santa Missa: mediante os ministros ordenados, Cristo dá o seu Corpo e o seu Sangue pela vida da humanidade. E quantos se nutrem dignamente à sua Mesa, tornam-se instrumentos vivos da sua presença de amor, de misericórdia e de paz. […]

 

João Paulo II, 10 de Junho de 2004

 

Oração Universal

 

Neste dia em que celebramos a solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, roguemos a Deus para que a Eucaristia torne possível dia após dia a progressiva transformação do homem e da sociedade, dizendo:

 

R. Ouvi-nos, Senhor.

 

1.  Pelo Papa, pelos Bispos e Sacerdotes:

para que encontrem na Eucaristia

a razão de ser e a força das suas vidas,

oremos, irmãos.

 

2.  Pela paz e prosperidade de todo o mundo:

para que, pela força da Eucaristia,

 a fome, as calamidades e as guerras

se afastem de todos os povos,

oremos, irmãos.

 

3.  Pelos jovens que procuram conhecer

a vontade de Deus na sua vocação,

para que na oração, na piedade eucarística

 e no compromisso apostólico,

encontrem a certeza que procuram,

oremos ao Senhor.

 

4.  Pelos que não conhecem a Cristo,

para que iluminados pela luz da fé,

se abram à Salvação que teve início

no grande momento da Encarnação,

oremos, irmãos.

 

5.  Por todos nós aqui reunidos,

pelos membros das nossas famílias e comunidades,

para que tenhamos cada vez mais amor

à Eucaristia, comungando com mais fé e devoção, e

visitando muitas vezes Jesus no Sacrário,

oremos, irmãos.

 

6.  Pelos defuntos da nossa comunidade e do mundo inteiro:

para que, purificados das sua faltas,

possam contemplar na eternidade o rosto de Cristo glorioso,

oremos, irmãos.

 

Senhor, nosso Deus,

Vós que desejais a salvação de todos os homens,

e para isso nos destes o Vosso Filho Unigénito,

fazei que Ele seja conhecido, amado e adorado

no Santíssimo Sacramento da Eucaristia.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho,

que é Deus convosco, na unidade do Espírito Santo.

 

 

Liturgia Eucarística

 

Cântico do ofertório: Oh Verdadeiro Corpo do Senhor, C. Silva, NRMS 42

 

Oração sobre as oblatas: Concedei, Senhor, à vossa Igreja o dom da unidade e da paz, que estas oferendas misticamente simbolizam. Por Nosso Senhor...

 

Prefácio da Eucaristia

 

Santo: J. Duque, NRMS 21

 

Monição da Comunhão

 

Peçamos a Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, «Mulher Eucarística», modelo insubstituível de piedade eucarística, que nos consiga a graça de recebermos o Seu Filho Jesus Cristo nesta Comunhão com a mesma pureza, humildade e devoção com que Ela O recebeu.

 

Cântico da Comunhão: Saciastes o Vosso Povo, F. Silva, NRMS 90-91

Jo 6, 57

Antífona da comunhão: Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em Mim e Eu nele, diz o Senhor.

 

Cântico de acção de graças: Comemos, ó Senhor, do mesmo Pão, M. Borda, NRMS 43

 

Oração depois da comunhão: Concedei-nos, Senhor Jesus Cristo, a participação eterna da vossa divindade, que é prefigurada nesta comunhão do vosso precioso Corpo e Sangue.

 

 

Ritos Finais

 

Monição final

 

Alimentados com o pão celestial e com a Palavra de Deus, sejamos em toda a parte imagens vivas de Cristo. A Eucaristia, como mistério de amor, enche-nos de alegria pela sua presença no meio de nós. Sejamos testemunhas desta alegria junto de todos os nossos familiares e amigos.

 

Cântico final: Deus é Pai, Deus é Amor, F. Silva, NRMS 90-91

 

 

Homilias Feriais

 

feira, 8-VI: Dar graças sempre e em toda a parte.

Tob 11, 5-17 / Mc 12, 35-37

(Tobit): Bendito seja Deus, bendito o seu grande nome. Benditos sejam todos os seus Santos e Anjos.

Tobit, ao recuperar o filho e ficar curado da vista, eleva a Deus este cântico de acção de graças (cf. Leit).

A Missa é a mais perfeita acção de graças que se pode oferecer a Deus. Já no Prefácio reconhecemos e proclamamos que é «nosso dever, é nossa salvação dar-vos graças sempre e em toda a parte». Devemos agradecer sempre, pois qualquer circunstância da vida é ocasião apropriada para agradecer a Deus, mesmo quando nos custe entender alguns acontecimentos ou contrariedades. E em toda a parte, nas circunstâncias da vida quotidiana, em casa, no local de trabalho, nos hospitais, nas escolas…

 

Sábado, 9-VI: A apresentação das oferendas.

Tob 12, 1. 5-15. 20 / Mc 12, 38-44

(Rafael): pois, sempre que oravas, tal como Sara, eu apresentava o memorial da vossa oração ao Senhor da glória.

O Arcanjo Rafael fazia chegar à presença do Senhor a oração e os sacrifícios de Sara e Tobias (cf. Leit). A viúva pobre dava como esmola no Templo tudo o que possuía (cf. Ev).

Na Santa Missa temos o momento mais oportuno para renovarmos o oferecimento da nossa vida e das nossas obras do dia, na apresentação das oferendas. Este gesto tem um significado profundo: no pão e no vinho toda a criação é assumida por Cristo Redentor para ser transformada e apresentada ao Pai. E levamos também ao altar todo o sofrimento e tribulação do mundo, com a certeza de que tudo é precioso aos olhos de Deus (cf. SC, 47).

 

 

 

 

 

 

Celebração e Homilia:              Alfredo Melo

Nota Exegética:       Geraldo Morujão

Homilias Feriais:      Nuno Romão

Sugestão Musical:   Duarte Nuno Rocha

 


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